Estrangeiro no Brasil | Somos todos iguais
Somos Abimael, Gloria (Peru) e Manuel (Espanha), estudantes do Curso de Português para Estrangeiros do NUPEL (UFBA) e hoje queríamos falar de uma questão que tira nossa atenção e nos entristece um pouco: o racismo na sociedade e, concretamente, pelo fato de morar aqui no Brasil, o racismo na sociedade brasileira.
Como pessoas que viemos de países onde a população é mais homogênea, ver uma população tão diversa, heterogênea e multicultural como é a população do Brasil, é uma coisa que, verdadeiramente, nos fascina. Achamos que isso é uma riqueza da qual o Brasil tem que se orgulhar. Mas infelizmente também percebemos que a realidade é bem diferente. Por quê? Porque existe uma diferença bem marcada entre grupos de pessoas simplesmente pelo fato de ser branco, preto, pardo, etc. Ou seja, as pessoas são diferenciadas pela cor de sua pele e essa diferença traz desigualdade de oportunidades, de vida. E aqui no Brasil a balança da desigualdade é do lado das pessoas negras principalmente.
Pobreza, falta de educação, menores recursos e oportunidades de emprego, marginalidade, piores salários, falta de assistência, saúde e saneamento público, etc., são sinônimos da realidade das pessoas negras. E como país, como sociedade que tem que cuidar de toda sua população, Brasil pode se considerar fracassada como nação, como sociedade global. Essas coisas não são aleias, compete a todos combatê-las e resolvê-las porque todos somos um, mesmo todos diferentes, únicos, somos todos iguais. Assim, qualquer tipo de racismo, desigualdade, discriminação é também nosso problema, é o seu problema.
Pensamos que as autoridades educativas têm que estabelecer uma oportunidade igualitária para todas as crianças em escolas públicas e privadas. Que os currículos educativos sejam iguais para as crianças. Só assim eles terão a mesma oportunidade para estudar nas universidades ou escolas superiores e para se desenvolver na vida (Abimael e Gloria).
Outra solução real passa pela total intolerância a todo tipo de desigualdade. A única via é a empatia, solidariedade e ação. Por exemplo, para combater a pobreza das famílias e para que essa pobreza não seja duplamente sofrida pelas crianças na sua educação, uma solução poderia ser criar um banco público de livros escolares. Esses livros que os escolares irão precisar, deveriam ser selecionados, classificados e comprados por curso/nível/ano, aula e número de alunos. Assim, no primeiro dia de classe todos os escolares receberiam os livros que precisarão durante todo curso. Ou seja, os livros são um direito adquirido pelos estudantes, mas ao mesmo tempo, esses escolares adquirem um compromisso, dever e obrigação: cuidar dos livros e mantê-los em perfeito estado, pois esses livros no próximo ano serão de ajuda para outro escolar. Deste modo, desde a escola estaremos dando a nossas crianças a melhor das educações criando uma consciência social baseada no respeito. Todos somos iguais, todos diferentes (Manuel).
A questão da educação no Brasil é central, essencial. A nossa cultura molda o modo como fazemos educação e vice-versa. Nossa forma de entender a nós mesmos é determinante para estabelecer como nos vemos e o que percebo é que pouco valorizamos nossa cultura, nossa gente, nossas riquezas. Nosso país tem potencial muito grande, mas parece que trabalhamos para seu insucesso e não para que todos cresçam como nação. A mudança é lenta, não acontecerá da noite para o dia, mas nossa autorreflexão, nossa autocrítica são instrumentos poderosos para estabelecer novas práticas, novas visões de mundo, novos modos de nos relacionarmos com os outros. A mudança que queremos só se consolidará se nossa essência mudar. Um país corrupto não mudará se seu povo permanecer corrupto e condescendente com atitudes corruptas.
Realmente, somos plurais, diversos e, de fato, deveríamos nos orgulhar mais disso. Incrível como mesmo sendo tão múltiplos, ainda exista, de forma tão clarividente, a dificuldade de aceitar/ respeitar aquilo que é diferente de nós. Devemos repudiar a intolerância em quaisquer grais que essa seja percebida. A luta contra desigualdade não pode parar e, sem dúvida, a educação é a chave, é a panaceia de todos os males, capaz de interromper esse loop infinito de desigualdade que atravessa gerações, condenando seres a destinos segregacionistas.
Parabéns pelo texto!
É decepcionante, mas não é verdadeiramente uma surpresa que o último país da América Latina a abolir a escravidão seja tão resistente em superar suas desigualdades sociais. E não é como se não tivéssemos meios e recursos!, afinal o Brasil está entre as dez maiores economias do mundo.
Alguns/mas estudiosos/as em áreas sociológicas – ou que dialogam com ela –, dizem que, na verdade, a desigualdade no Brasil é um projeto político. Ou seja, é maligno e historicamente premeditado que governantes não direcionem seus esforços em tornar minimamente humanas as condições de vida das pessoas mais pobres e miseráveis do país: como resultado, o que temos é uma sociedade fortemente estratificada.
E sabe de uma? Quem está na base, e que, por vezes, por algum delírio acha que é elite, mantém e alimenta, por exemplo, com sua força de trabalho muito mal remunerada as pessoas que estão no topo. O processo no geral é tácito, conivente e, por mais irônico que pareça, democrático.
O mais violento no Brasil é que o menos pobres, que esquizofrenicamente se esquece que também é chão, se sentem inspirados a degradar, excluir, ignorar e reproduzir discurso de ódio e opressão nos que “não são” eles.
Eu concordo plenamente com vocês que é preciso priorizar a educação: mais do que nunca, a sociedade brasileira urge por interpretação de texto, consciência de classe e memória histórica.
Em tempo, trago duas citações.
A primeira é do José Saramago, escritor português, em seu célebre livro Ensaio Sobre a Cegueira: “É dessa massa que nós somos feitos, metade de indiferença e metade de ruindade”.
A segunda, é de uma música, Somos Todos Iguais, do grupo Catedral: “… Somos todos iguais, Na mentira e na verdade, No amor e na maldade, Parte da humanidade sem saber, Que a resposta está dentro de nós”.
E por fim, recomendo ainda outra música, Xibom Bombom, d’As Meninas.
É decepcionante, mas não é verdadeiramente uma surpresa que o último país da América Latina a abolir a escravidão seja tão resistente em superar suas desigualdades sociais. E não é como se não tivéssemos meios e recursos!, afinal o Brasil está entre as dez maiores economias do mundo.
Alguns/mas estudiosos/as em áreas sociológicas – ou que dialogam com ela –, dizem que, na verdade, a desigualdade no Brasil é um projeto político. Ou seja, é maligno e historicamente premeditado que governantes não direcionem seus esforços em tornar minimamente humanas as condições de vida das pessoas mais pobres e miseráveis do país: como resultado, o que temos é uma sociedade fortemente estratificada.
E sabe de uma? Quem está na base, e que, por vezes, por algum delírio acha que é elite, mantém e alimenta, por exemplo, com sua força de trabalho muito mal remunerada as pessoas que estão no topo. O processo no geral é tácito, conivente e, por mais irônico que pareça, democrático.
O mais violento no Brasil é que o menos pobres, que esquizofrenicamente se esquece que também é chão, se sentem inspirados a degradar, excluir, ignorar e reproduzir discurso de ódio e opressão nos que “não são” eles.
Eu concordo plenamente com vocês que é preciso priorizar a educação: mais do que nunca, a sociedade brasileira urge por interpretação de texto, consciência de classe e memória histórica.
Em tempo, trago duas citações.
A primeira é do José Saramago, escritor português, em seu célebre livro Ensaio Sobre a Cegueira: “É dessa massa que nós somos feitos, metade de indiferença e metade de ruindade”.
A segunda, é de uma música, Somos Todos Iguais, do grupo Catedral: “… Somos todos iguais, Na mentira e na verdade, No amor e na maldade, Parte da humanidade sem saber, Que a resposta está dentro de nós”.
E por fim, recomendo ainda outra música, Xibom Bombom, d’As Meninas.
Ótima reflexão.
É decepcionante, mas não é verdadeiramente uma surpresa que o último país da América Latina a abolir a escravidão seja tão resistente em superar suas desigualdades sociais. E não é como se não tivéssemos meios e recursos!, afinal o Brasil está entre as dez maiores economias do mundo.
Alguns/mas estudiosos/as em áreas sociológicas – ou que dialogam com ela –, dizem que, na verdade, a desigualdade no Brasil é um projeto político. Ou seja, é maligno e historicamente premeditado que governantes não direcionem seus esforços em tornar minimamente humanas as condições de vida das pessoas mais pobres e miseráveis do país: como resultado, o que temos é uma sociedade fortemente estratificada.
E sabe de uma? Quem está na base, e que, por vezes, por algum delírio acha que é elite, mantém e alimenta, por exemplo, com sua força de trabalho muito mal remunerada as pessoas que estão no topo. O processo no geral é tácito, conivente e, por mais irônico que pareça, democrático.
O mais violento no Brasil é que o menos pobres, que esquizofrenicamente se esquece que também é chão, se sentem inspirados a degradar, excluir, ignorar e reproduzir discurso de ódio e opressão nos que “não são” eles.
Eu concordo plenamente com vocês que é preciso priorizar a educação: mais do que nunca, a sociedade brasileira urge por interpretação de texto, consciência de classe e memória histórica.
Em tempo, trago duas citações.
A primeira é do José Saramago, escritor português, em seu célebre livro Ensaio Sobre a Cegueira: “É dessa massa que nós somos feitos, metade de indiferença e metade de ruindade”.
A segunda, é de uma música, Somos Todos Iguais, do grupo Catedral: “… Somos todos iguais, na mentira e na verdade, no amor e na maldade, parte da humanidade… sem saber, que a resposta está dentro de nós”.
E por fim, recomendo ainda outra música, Xibom Bombom, d’As Meninas.
Infelizmente, o governo ainda precisa investir bastante em saídas para proporcionar melhores oportunidades para aqueles que carecem de infraestrutura ou quaisquer outras questões. Acredito que a educação seja uma questão essencial, portanto, penso que a proposta de ceder os livros didáticos, se avaliada, pode ajudar bastante.
Excelente texto! De fato, é sempre importante enfrentar essas questões de desigualdade de maneira a promover melhores oportunidades para as pessoas.
Infelizmente, o governo ainda precisa investir bastante em saídas para proporcionar melhores oportunidades para aqueles que carecem de infraestrutura ou quaisquer outras questões. Acredito que a educação seja uma questão essencial, portanto, penso que a proposta de ceder os livros didáticos, se avaliada, pode ajudar bastante.
Excelente texto! Muito importante se atentar a essas questões de desigualdade para promover oportunidades iguais para as pessoas
“E como país, como sociedade que tem que cuidar de toda sua população, Brasil pode se considerar fracassada como nação, como sociedade global.”
Essa frase me sacudiu um pouco, não mentirei. Me sacudiu porque me fez enxergar, ter noção, da visão de alguém que vem de fora, eu nunca havia parado para pensar nisso antes, de como nós, brasileiros, somos vistos.
Nós convivemos todos os dias com preconceito de todos os tipos, somos sempre atacados e somos alvos de intolerâncias. Por mais que a gente queira, não seremos iguais.
Fico triste quando penso nisso, mas foi muito bom entender o sentimento de pessoas de outros lugares.
Espero que fiquem bem aqui, nossa terra também será calorosa para vocês.
Obrigada e parabéns pelo texto!